Acabo de chegar ao Brasil, em meio a uma viagem de sonhos perdi um amigo querido, bem antes mas também por onde passei, rezei muito diante da natureza esplendorosa que nos põe de novo em sintonia com o divino, em meio a paisagens tão espetaculares que mostravam a cada brecha que por algum motivo Deus acredita na gente.
Passei também por igrejas e missões, independente da crença de cada um, refiro-me a coragem de poucos em pensar no próximo e fazer diferente e, em todos estes lugares Marcos Mercadante fiz uma prece também em sua intenção...
Aqui segue minha carta a você amigo e se Deus teve tão bons planos pra você aqui na Terra, cumpridos com tanto afinco que Ele quis te chamar mais cedo pra vocês falarem mais de perto sobre bondade e novas idéias em benefício ao ser humano, prossiga, pois de onde você estiver o mundo sempre fica melhor. Aqui meu carinho e minha homenagem.
Breve fruto de esplendorosa árvore. Se debatia entre o fascínio e o receio de seus pacientes.
Do infinito ao nada, mestre/aprendiz do absurdo humano em suas vertigens. Rigoroso e doce, nada o impedia de saber.
Viajante num mundo indiferenciado, possuia luz e lanterna pois sabia das nebulosas. Mas, veio equipado.
Sempre provocado por suas inquietações, fazia dos outros seu problema, mas não pela vaidade, seguia-os à dignidade. Voltava para o sacrifício.
Irremediavelmente curioso, ousava pensar junto, perfazendo-se dentro das histórias que ouvia, e como ouvia, e quantas ouvia...Incansável.
Buscando o indivíduo em todos os discursos, não a doença, não a área, não a matéria... Inúmeras vezes fez anamnese na lanchonete próxima ao hospital, de que adianta saber a resposta, obter a resposta de quem estava prostrado à fome? Doutor, se garantia num banco de bar, alimentando o corpo e já a alma de seu paciente.
"Se nós acordamos 7:30hs esta criança deve ter acordado às 4hs"...e tínhamos agora sim outra entrevista. Seguia o paciente e não as regras. "Sou médico que trata do que você sente, não gosto de injeção, exame, quero que você diga o que vai aí dentro". Nos corredores frios de um hospital cinza um coração batia, uma bochecha rosava.
Atenção especial dava aos outros, a qualquer outros e assim se prestava em atenção especial para que dissessem qualquer coisa. Cativante, ouviu tudo. Sedutor, obteve as respostas.
Da inclinação para o ser se valia a inclinação de seu saber. Sublime Marcos você que conhecia os porquês não deveria ser dado o sofrer.
Angústias, delírios foram entregues ao anjo lúcido.
Incoerente esta vida que te lançou a este abismo, você que sempre viveu atado aos que estavam a beira deles.
Privados de seu suporte você que nos dizeres de Eduardo Galeano "Foi sempre ida. Mas voltava" Não pode ir. Sem vir.
Um comentário:
Brilhante!!!!!!
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