"A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades diferentes
uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia."
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade
Viajar relativiza a verdade, a cada nova porta, a cada nova fronteira encontramos novas formas de pensá-la e vivê-la, novas línguas para amar, novas formas de xingar, novas ruas, novos horizontes, outros sabores outros saberes. Ao mesmo tempo nos permite reconhecer em nossas diferenças, sem indiferença. Somos iguais nas dores, nos risos apenas usamos outras moedas de troca. No fundo e pra sempre concordo com Amindá: "Todos somos iguais, diferentes apenas na forma de ser igual".
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