O pequeno barco de velas brancas
Rubem Alves
A vida é assim mesmo. É sempre possível deixar o barco atracado ou só navegar nas baías mansas. Aí não há perigo de naufrágio. Mas não há o prazer do calafrio e do desconhecido.
Segundo o taoísmo, a vida é assim: somos pequenos barcos de velas brancas no mar desconhecido. Os remos são inúteis. A força dos elementos é maior que a nossa força. Gosto de ver os urubus voando nos prenúcios de tempestade. Eles não batem asas. Não lutam contra o vento. Flutuam, deixam-se levar.
Foi assim que me tornei escritor, porque o mar foi mais forte que o meu plano de viagem.
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