domingo, 22 de maio de 2011

EXCURSÃO X INCURSÃO



Definitivamente minha família não faz o perfil de um excursionista, nosso guia não finca bandeira, já vamos com a lição feita. Sempre viajo antes, me abasteço de todas as informações bem antes de chegar ao destino, gosto de journals, de papeizinhos com dicas de amigos, guias, muitos mapas espalhados pelo carro, e me abasteço de cupons de descontos.

GPS é um item a parte, fora do Brasil eles funcionam e por isso a única outra voz que permitimos ditar o caminho a seguir. É como uma entidade, deve ser prima da voz do aeroporto, fantasio que ambas vêm de uma  mesma família dedicada à missão de apontar o caminho sem o comprometimento de dar as caras e seguem felizes e realizadas no cumprimento do dever. Não se misturam por isso não as conhecemos, pouco afeitas às vaidades, as primas satisfazem-se só pelo nosso reconhecimento e gozam de nossa simpatia recíproca já que falam mas não perguntam, oferecem mas não aparecem, perfeitas e discretas, devemo-lhes  uma afinidade infinita por representarem as vozes das férias. Adoramos burlar suas dicas já que seguimos também por outro guia imprescindível, a estrada a nossa frente e as pistas de dentro e de fora que, com bom feeling vamos aprendendo a seguir.

Avessos à excursões acordamos antes mesmo de descerem ao lobby dos hotéis. Isso nos garante minutos de sossego, bandejas ainda ordenadamente empilhadas, mesas asseadas e itens no buffet à escolher. O que se segue depois é o caos, e saímos a tempo de como Nostradamus prever que o fim está próximo. É quando o exército se aproxima, roupas iguais indicam o tamanho da tropa, o mundo se acaba entre sucos derramados e gritos incontidos. Apocalíptico.

Mesmo estando em férias vamos ser honestos de onde vem aquele ânimo todo?? Por favor as almas têm um tempo pra voltar ao corpo pela manhã...

Vou montar minha própria agência, sem uniformes chamativos e em série, nós mulheres abolimos desde sempre roupas e bolsas iguais no mesmo espaço, algumas quiçá na mesma prateleira, gostamos do exclusivo. Somos contemplativas, nada de excursões seriam incursões, melhores e mais silenciosas. Teria dois guias, um senhor aposentado e discreto munido de uma poltroninha nos aguardaria na entrada do destino, sentaria com a paciência que a sabedoria lhe reservara e aguardaria na sombra as nossas  dúvidas, gentilmente explicadas e colhidas ainda frescas de sua memória primorosa. Apreciamos gentilezas seguidas de sabedoria, para nós são atitudes infalíveis e primorosas sempre!

Na minha agência o jargão de minha avó: "já não se fazem homens como antigamente" seria retificado, e lá do céu ela piscaria pra mim por resgatar os bons e velhos costumes. Nos Shoppings nada de guias, mulheres não precisam de guias quando estão determinadas, nestas horas muitas não precisam de ninguém, salvo na hora do café onde 5 minutos seriam suficientes para encontrarmos uma amiga e criarmos um discurso de milhões de palavras, dicas valiosas vertem das mulheres diante da combinação: Shopping + Amigas. Prosseguiríamos sozinhas no nosso exército solitário munidas de mais armas (lê-se dicas) pós virtuoso e pontual café e nos encontraríamos quando as luzes do Shopping  se apagassem e uma leva de motoristas mudos (evitando qualquer possibilidade de bufadas e comentários) nos aguardariam em silêncio em seus carros, munidos de chocolates e caçambas dignas de limosine.O segundo guia serviria pras saídas noturnas, afinal nenhuma mulher vai às compras impunemente, este seguiria em elogios até o destino, felizes por nos agradar.

É isto criada a Agencia Paraiso Perfeito nestas horas pleonasmo não significam erros, é só um reforço, afinal ninguém quer dissabores nas férias.

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindos, quem escreveu este texto? Amei! Seja quem for, parabéns ! Dri Ayres

Ana disse...

Anita, amore!

Tô adorando o blog...

Depois, quero ler junto com você, comentar e papear.

Beijão!

Elenise disse...

Ana, obrigada pelo convite!
Super interessante e numa linguagem que eu adoro!
beijos

Elenise, Clau e Marina